Paloma

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O filme traça uma narrativa que se sustenta nas cores prosaicas de um cotidiano, onde o que movimenta a protagonista é um sonho. Sua perspectiva da vida só ganha sentido na possibilidade da realização do seu desejo de se casar na igreja, fazendo desse assunto o fio condutor de sua história. Suas ações permeiam um pano de fundo violento e intolerante.

Enquanto sonha, Paloma tenta dar conta de sua realidade, nada fácil. Mulher lutadora, que cuida da família, do lar e do trabalho no campo. Sua obstinação a leva a várias tentativas, no intuito de receber o sacramento de matrimônio. Diante das negativas, Paloma vai aos poucos silenciando, até que a cada promessa de possibilidade a acorde.

A crença no sonho da personagem faz do filme uma peça cheia de lirismo e pesar, a comunicação oral entre ela e o noivo é quase nula, enquanto seus corpos se bastam, causando uma certa tensão, confundindo a atenção dos espectadores. A noiva ignora toda e qualquer convenção e parte para conquistar seu sonho. Paloma leva às últimas consequências aquilo de ser o que se é, seu sonho depende da aceitação alheia e a intolerância vence. Quase como uma aterrissagem desastrosa, a história do sonho da noiva termina.

Com boas atuações o filme de Marcelo Gomes pode remeter a um lugar de incômodo, que em alguma medida ainda seja conservado dentro de cada um, levando o espectador a uma reflexão e na mesma proporção o permitindo sonhar com Paloma.