
Depois de toda uma fase de distanciamento, da qual ainda tentamos nos recuperar, é no mínimo reconfortante estar de volta a essa atmosfera do Festival do Rio. A falta que fizeram os encontros presenciais reside, na mesma medida, na ausência do que poderíamos chamar de “incentivo” à cultura. Aspectos de uma gestão anticultural, que dá a partida rumo à derrocada com a extinção do Ministério da Cultura, tornando os processos culturais uma mera ferramenta, ignorando todo e qualquer complexo movimento que guarda em si a identidade de um povo. Este equívoco ideológico anticultural é sentido na ponta, nas bases, na educação, nos projetos, que não criam, tendenciosamente, um mecanismo de eleger ou ditar o que deve ser considerado cultura, para assim definir e empregar o recurso.

É nesse imbróglio que nos encontramos no escuro novamente, ainda que, para além da ida ao cinema, estivéssemos com essa sensação desde 2018, vivendo nesse obscurantismo. Perdoe o trocadilho infame! Há na janela dessa sala escura a possibilidade do encontro, com o outro mais distante ou mais próximo, que guardado pela ignorância será invisibilizado, além do encontro consigo mesmo, na extensão do que te identifica como parte dessa cultura que nos representa.

Estar de volta ao Festival do Rio e estar em pleno Cinema Odeon na Cinelândia RJ, neste Estado ferido e quase alheio à sua dor, já é qualquer amor… e como diria G. Rosa, “Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura.” Viva o Festival Do Rio! Viva a Cultura!