Em tempo. Menos de um mês para o término da exposição sobre a obra de Eduardo Coutinho no IMS – Rio. Em meio a essa realidade absurda que estamos vivendo, essa ocupação traz um pouco da poética do real documentada por esse gênio, que no próximo dia 2 de fevereiro completa sete anos de morto.

Este diretor que parou para ouvir suas personagens, construindo narrativas fabulosas, hoje é narrado por elas. Coutinho é apresentado por meio de seus filmes, que nada mais são que palavras, canções e testemunhos de vida. Os fragmentos de sua obra, naquele mosaico em palavrório, depõem sobre este artista, que dispensava adornos e cuja ação partia do verbo, enquanto nós, espectadores, produzíamos as imagens. Um método aparentemente simples alcançava o mais complexo dos processos – documentar o discurso sobre si.
A Ocupação Eduardo Coutinho nos comove e nos resgata a prosa que os tempos de ódio calaram em nós – a distância do outro, a comunicação incomum, o silêncio da narração e o porquê da história ter ficado monotemática. Muitos de nós aprendemos a gostar de documentário pelos olhos e ouvidos das invenções desse documentarista. Quando uma personagem dos seus filmes começa a contar, já não importa mais se é verdade, fazemos um pacto por meio dos ouvidos de Coutinho, embarcamos naquela narrativa e queremos aprender com ela.
A Ocupação nos revela outras facetas de Eduardo Coutinho, seu caminho pelo audiovisual, sua trajetória na busca de seu cinema, seu olhar sobre a vida do outro e o que este outro tinha a dizer. Um investigador paciente e curioso, ou fofoqueiro, como diz uma de suas personagens, é apresentado por sua imagem tão forte e pensativa, sempre em busca de narradores de vida, fossem eles quem fossem – os que relatam, os que delatam e os que calam, dizendo ainda mais.
Suas palavras, seu processo de produção, a ânsia de dizer por meio do outro o que não cabia em si, sua perplexidade diante da vida daqueles anônimos, outras narrativas que o deslocassem, para então construir novas histórias e seus filmes – estão todos presentes na Ocupação.
Imperdível! Até 21/02/2021

IMS Rio
Rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea
Rio de Janeiro, RJ, Brasil
21 3284.7400
Horário de funcionamento: Terça a sexta-feira das 12h30 às 16h30. Sábados e domingos, das 10h às 14h. Feriados (exceto segundas), das 10h às 14h
Não perca, com todo cuidado que o momento exige é possível uma visita, seguindo as orientações de agendamento no link abaixo.