Parasita

Publicado por

O cinema vem trazendo à baila e muito bem representado, diga-se de passagem, as agruras sociais da realidade contemporânea. De que forma o ser humano está reagindo a essa disputa de classe, cada vez mais evidente mundo a fora? A injustiça social deixa de ser uma prerrogativa de países subdesenvolvidos, da mesma maneira que a luta por sobrevivência sucumbe a uma nova estética.

No filme Parasita de Bong Joon-ho os acontecimentos são construídos por ações cotidianas, deliberadas, quase como num antigo ditado popular: “ a ocasião faz o ladrão”. Porém, a ideia não é roubar, mas se empregar. Joo-ho não nos permite apoiar em maniqueísmo e chuta o pote do bem e do mal, deixando que os espectadores decidam, quem é bom, quem é mau.

As questões de o Parasita estão lá, como estão aqui, em nosso dia a dia, só que no filme temos que olhar para elas. Formas de sobrevivência – qual é a sua? E a isto, inclui dignidade. Para tanto, o filme usa um símbolo pertinente de comparação: a moradia. Sua identidade social fica claramente linkada ao nível do chão em que sua casa se encontra e por conta dessa elevação o sujeito é nivelado, não importando se suas capacidades nada tenham a ver com isso.

A atmosfera do filme guarda em sua narrativa um desvelar, que alimenta nosso interesse, no entanto, o sucesso do filme fica muito mais pelo diálogo que ele trava com o suspense/terror. A barbárie, outro elemento muito bem utilizado nesse tipo de narrativa cinematográfica atual, apresenta de forma assustadora uma das possíveis reações do indivíduo desqualificado no seu status social.

Desta forma, as contradições desenham esse mundo atual, muitas vezes incoerente com a perspectiva e ficamos a nos perguntar, quem é o parasita de quem?  

Indicações ao Oscar 2020: Melhor Filme, Filme Estrangeiro, Direção, Montagem, Design de Produção, Roteiro Original.